domingo, 3 de julho de 2011

Uma região espetacular: La Rioja

Muitos dos renomados críticos de vinho no mundo têm a sua preferência por vinhos franceses (Bordoux e Borgonha), assim como, cada consumidor possui sua preferência. Para mim, uma das regiões vitivinícolas mundiais na qual eu sou adimirador, é a região de Rioja no Nordeste da Espanha.



Rioja, o vinho mais conhecido da Espanha, provém dessa região. Mesmo antes de os Romanos ali chegarem no século II a.C., as uvas desse tinto fresco e fácil de beber eram cultivadas em videiras não conduzidas, em formato de arbusto, e pisadas em lagares de pedra. A tradição perdurou por quase 2.000 anos. Na década de 1850, pioneiros bordaleses introduziram novas tecnologias, como cubas de carvalho de qualidade para fermentação e tonéis bem fabricados para o envelhecimento, conferindo complexidade e longevidade ao até então "vinho rural". Assim começou a Rioja que conhecemos hoje. Desde a década de 80 investiu-se muito para se manter a integridade e qualidade desse vinho tão procurado. Tempo, energia e dinheiro foram compensados quando a Rioja foi promovida a Denominación de Origen Calificada (DOCa), grau especial acima de DO só conferido a vinhos de qualidade constante durante muitos anos. Nem todas as safras foram exceletes, mas, nas melhores, a qualidade foi realmente excepcional.

Só são permitidas 7 cepas, provenientes de Rioja Alta no noroeste, Rioja Alavessa no País Basco e Rioja Basca no sudeste de Rioja e regiões da Navarra que entram na DOCa Rioja. As variedades tintas são: Tempranillo, Garnacha, Cariñena e Graciano. As brancas: Macabeo, Malvasia e Garnacha branca. Os tintos de Tempranillo trazem morango e framboesa maduros com um toque quente de carvalho, resultado do envelhecimento em barril. São 4 principais: joven, crianza, reserva e gran reserva.



domingo, 3 de abril de 2011

VINHO: Quanto mais velho melhor?

O "MITO" DA IDADE

Nem todo vinho tem em sua composição "DNA" as condições necessárias para evoluir com o tempo. Muito pelo contrario, a maioria dos rótulos encontrados  nas prateleiras do mercado são de consumo rápido "imediato". 

A longevidade do vinho depende de alguns fatores, como teor alcoólico, nível de açúcar e quantidade de acidez da bebida (mais precisamente pH) e composição dos compostos fenólicos. Para os vinhos tintos, a qualidade e quantidade dos taninos e antocianinas são extremamente importantes. E nem todos os vinhos envelhecem igualmente. O envelhecimento é uma troca entre o consumidor e o vinho. Ganham-se algumas coisas e perdem-se outras com a idade. 

Os vinhos tintos do novo mundo (fora do eixo da Europa) normalmente são vinhos para serem consumidos jovens. Apresentam aromas frutados, são muito potentes, e normalmente, não ganham muito com o envelhecimento. Ao contrário, perdem suas principais características com o envelhecimento. Já os vinhos com capacidade de envelhecer, perdem a exuberância das frutas com o tempo na garrafa, mas os taninos se amaciam e o conjunto fica mais equilibrado e harmonioso. Surgem nesse estágio aromas e sabores  deliciosos, tornando o vinho mais complexo e fascinante. 

Por exemplo, os vinhos do Vale do São Francisco (Brasil) devem ser consumidos jovens, no máximo em três anos, pois a sua cor evolui rapidamente e perdem aromas característicos do vinho tropical. Já os Barolos (Itália), normalmente são fechados e tânicos (adstringentes) na juventude e necessitam de anos de guarda para oferecer o seu melhor potencial. O mesmo exemplo de benefícios do envelhecimento aplica-se aos vinhos Bordoux que ganham muito com o envelhecimento. Um grand cru de Bordeaux 2005, uma excelente safra, deve esperar uns quinze anos para ser aberto, pois nesse período ele exprimirá a sua potencialidade e complexidade. 

O vinho é uma bebida única, com tantas particularidades, que sempre nos deixa curiosos para provar e conhecer!

sábado, 26 de março de 2011

AS GARRAFAS


Depois de postar um pequeno resumo sobre a degustação de vinhos decidi falar um pouco sobre outros aspectos. Dentre estes, começarei falando sobre as garrafas. A garrafa é um ponto essencial para a conservação do vinho, uma vez que esta é responsável por isolá-lo do meio externo (luz e oxigênio), conservando suas características. O formato e tamanho da garrafa não fazem a menor diferença do ponto vista técnico. Mas a cor, expessura e o material de sua fabricação podem diferir nos aspectos técnicos. 

Os principais tipos de garrafas comerciais são: Bordalesa, Borgonhesa, Flute, Champagne e Porto. Os formatos são determinados por motivos históricos, de tradição, identificação ou simplesmente por questão estética.



BORDALESA – (mais comum): Francesa da região de Bordeaux, o corpo é cilíndrico e os ombros são bem definidos.
BORGONHESA – Francesa da região da Borgonha, o bojo é mais amplo e apresenta os ombros mais suaves.
FLUTE – mais longa, sem ombros, o corpo se afina diretamente no gargalo.
CHAMPAGNE – Francesa da região do famoso vinho espumante, as paredes são mais grossas (para aguentar a pressão do gás carbônico, que normalmente é de 5 atmosferas).
PORTO – Portuguesa, semelhante à bordalesa, porém geralmente mais baixa, de linhas mais retas, com vidro mais escuro e normalmente com emblemas em alto relevo.
FRACÔNIA - Alemã, da região de Franken, é denominada bocksbeutel, possui corpo achatado no eixo antero-posterior e bojudo na base.

Em relação ao volume:

Garrafa comum - 750 mL
Miniatura - 175 mL
Meia garrafa - 375 mL
Magnun - 1,5 L
Jeroboão - 3 L
Roboão - 4,5 L
Matusalém ou imperial - 6 L
Salmanazar - 9 L
Baltasar - 12 L
Nabucodonosor - 20 L

sexta-feira, 11 de março de 2011

A degustação: apreciando seu vinho (Parte 3) O PALADAR

* PALADAR E TATO

Beber, é o último estágio. Aqui se irá confirmar tudo o que já se sentiu!



Na boca, nem tudo é paladar, sentimos tato e aromas (pela comunicação interna da boca com o nariz). Deve-se deixar o vinho algum tempo na boca, mastigando-o e sentindo em toda a cavidade bucal. 
No tato, notam-se a consistência do vinho (textura e corpo),  a aspereza, a fluidez, apungência (alguns mais tânicos ou alcoólicos podem dar uma leve impressão de pressão ou de dor na língua), a temperatura e a adstringência ou tanicidade (produzida pelo travo notado nas laterais da língua, como uma cica que ceca a boca).

AROMA DE BOCA - O aroma de boca é diferente do aroma de nariz, pois a saliva aquece e intensifica a evaporação. Esses aromas normalmente são mais fortes (e menos elegantes) que o de nariz. Para senti-los melhor, pode-se, com líquido ainda na boca, aspirar um pouco de ar. Assim, a evaporação será intensa e os aromas bastante nítidos.

AVALIAÇÃO

EQUILÍBRIO - verifica-se o equilíbrio nos vinhos coparando os fatores reconhecidos. O vinho será equilibrado, quanto mais coerentes entre si forem açúcares, acidez, álcool e adstringência, etc.

QUALIDADE - a qualidade se refere a variedade, originalidade e qualidade da avaliação do vinho na boca.
INTENSIDADE - a intensidade se refere à quantidade, ao ataque de gosto, aroma e tato avaliados na boca.
PERSISTÊNCIA - se refere à manutenção da intensidade no tempo. Ao ingolir o vinho, conte os segundos. Menos de 10 segundos é razoável, de 10 a 15 é persistente, e mais de 15, muito persistente.

terça-feira, 8 de março de 2011

A degustação: Apreciando seu vinho (Parte 2) OS AROMAS

*OLFATO

Aqui está o charme do vinho. Gire-o na taça, libere a imaginação e inspire. Os aromas evoluirão a medida que você o aprecia, pois as substâncias aromáticas se volatilizam.
Procure associar os aromas as coisas que você conhece (frutas, flores, especiarias, minerais) e ficará muito mais fácil reconhecê-los e recordá-los. Para ser um bom degustador, é preciso  imaginação e memória.



OS AROMAS

Diversos aromas são perceptíveis no vinho, e grande parte de nosso prazer é identificar tais aromas. Abaixo uma lista dos principais encontrados:

FLORES: acácia, espinheiro, lírio, margarida, jasmim, petúnia, violeta, sabugueiro, pessegueiro, rosa, gerânio.
FRUTAS SECAS: noz, avelã, figo, castanha, ameixa, uva passa.
FRUTAS FRESCAS: limão, romã, amora, cereja, framboesa, cassis, morango, groselha, abacaxi, banana, maçã, marmelo, melão, melancia, pêssego, damasco, pêra, tangerina, ameixa, maracuja.
VEGETAIS: capim, feno, hortelã, tabaco, louro, musgo, noz verde.
ESPECIARIAS:  anis-estrelado, canela, noz-moscada, cravo-da-índia, pimenta, alcaçuz.
ANIMAIS: couro, pelica, caça, mercaptano.
DIVERSOS: café, amêndoa, baunilha, alcatrão, caramelo, leveduras, casca de pão, mel, pele de salame, madeira, cacau.

RECONHECIMENTO

1. Primeiramente, procure sentir os aromas do vinho logo que este é servido, antes de examinar a cor.

2. Coloque o nariz na parte de baixo da abertura da taça, você sentirá os aromas mais pesados, que se volatilizam por essa parte da taça. Colocando o nariz na parte de cima, você sentirá aromas mais leves.



AVALIAÇÃO

QUALIDADE: observe a qualidade em si (bom x ruim), a veriedade e a originalidade dos aromas.
INTENSIDADE: verifique o ataque aromático da bebida, a quantidade de aroma.
PERSISTÊNCIA: avalie por quanto tempo a intensidade se mantém. Um método é contar o tempo que leva para o aroma se dissipar após inspirado. Dez segundos representam um vinho de boa persistência.

quinta-feira, 3 de março de 2011

A degustação: Apreciando seu vinho (Parte 1)

"Beber vinho é fácil, basta inclinar a taça e ingerir. Degustar é um desafio de corpo, mente e alma" (Marcelo Copello)

Você se lembra do último vinho que você provou?

Beber é simples: basta transferir o líquido da taça para a boca e dali direto para o estômago. Na degustação, esse caminho passa pelo cérebro e pelo coração. Exige concentração, técnica, experiência, imaginação, memória e, principalmente, paixão.


Degustar e apresentar visão, olfato, paladar e tato, mais ou menos nessa ordem. São os sentidos descobrindo o vinho.

OLHAR

A cor do vinho nos diz muito sobre ele. Normalmente, quanto mais escura a cor, mais encorpado. Quanto mais viva, mais jovem ele é. Qunto mais esmaecida, mais velho. Quanto mais violeta ou rubi, mais jovem. Quanto mais apagada e próxima ao tijolo ou laranja, mais envelhecido. Os vinhos brancos jovens tem tonalidade  tendendo ao verde, que com o tempo, passa a amarelo e ao dourado, por último ao palha.



EXAME VISUAL

1. Incline a taça sobre um fundo branco, analise a tonalidade e a intensidade de cor no meio (parte mais pronfunda) do líquido. A cor que devemos nos referir é a do centro da taça inclinada.



2. Verifique a fluidez (viscosidade) girando a taça e vendo o tempo que o líquido que escorre sob as paredes da taça (lágrimas) leva para retornar ao repouso. Quanto maior a viscosidade e o tempo que leva para as lágrimas voltarem ao repouso, mais álcool o vinho possui. 



3. LIMPIDEZ - Um vinho deve ser límpido (ausência de partículas em suspensão), ter aspecto brilhante.

4. TRANSPARÊNCIA - para avaliá-la tente ler através do líquido na taça inclinada. Muito transparente: vinhos com cor branco papel. Transparente: lê-se através, a amaioria dos vinhos. Regular: oferece dificuldade para ler-se através. Opaco: vinhos de cor profunda.

5. QUALIDADE DA COR - A qualidade da cor é critério de gosto pessoal, siga seus institntos.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Ninguém suporta mais!


Comentaristas de vinho que só avaliam vinhos de tradicionais regiões mundiais ou de vinícolas famosas;

Apresentadores de programas de TV que só harmonizam pratos com vinhos renomados;

Apresentadores de TV que só bebem “Bordeaux”; Como se o cidadão brasileiro pudesse desfrutar deste prazer a todo instante!

Especialistas de vinho que só avaliam vinhos que custam acima dos R$ 100,00; e de regiões famosas;

Especialistas que só entendem de estética e de repetir o que os críticos famosos postam em seus sites especializados;

Revistas que só exibem adegas com verdadeiras raridades da vinicultura mundial;

Enochatos que só discutem, ou defendem, todo esse bla! bla! bla! elitizado;

Estou cansado de toda essa hipocrisia gerada. 

Será que não existem bons vinhos que o “simples trabalhador brasileiro” possa desfrutar?
Será que não existem regiões fora do eixo tradicional que produza bons vinhos?
Será que não é possível consumir um bom vinho sem ter que pagar valores fora da nossa possibilidade?

Não tenho nada contra os grandes vinhos e as famosas regiões, pelo contrário, sou um grande fã destes, mas não serei hipócrita de falar que consumo sempre ou que, apenas estes, são grandes vinhos.