O "MITO" DA IDADE
Nem todo vinho tem em sua composição "DNA" as condições necessárias para evoluir com o tempo. Muito pelo contrario, a maioria dos rótulos encontrados nas prateleiras do mercado são de consumo rápido "imediato".
A longevidade do vinho depende de alguns fatores, como teor alcoólico, nível de açúcar e quantidade de acidez da bebida (mais precisamente pH) e composição dos compostos fenólicos. Para os vinhos tintos, a qualidade e quantidade dos taninos e antocianinas são extremamente importantes. E nem todos os vinhos envelhecem igualmente. O envelhecimento é uma troca entre o consumidor e o vinho. Ganham-se algumas coisas e perdem-se outras com a idade.
Os vinhos tintos do novo mundo (fora do eixo da Europa) normalmente são vinhos para serem consumidos jovens. Apresentam aromas frutados, são muito potentes, e normalmente, não ganham muito com o envelhecimento. Ao contrário, perdem suas principais características com o envelhecimento. Já os vinhos com capacidade de envelhecer, perdem a exuberância das frutas com o tempo na garrafa, mas os taninos se amaciam e o conjunto fica mais equilibrado e harmonioso. Surgem nesse estágio aromas e sabores deliciosos, tornando o vinho mais complexo e fascinante.
Por exemplo, os vinhos do Vale do São Francisco (Brasil) devem ser consumidos jovens, no máximo em três anos, pois a sua cor evolui rapidamente e perdem aromas característicos do vinho tropical. Já os Barolos (Itália), normalmente são fechados e tânicos (adstringentes) na juventude e necessitam de anos de guarda para oferecer o seu melhor potencial. O mesmo exemplo de benefícios do envelhecimento aplica-se aos vinhos Bordoux que ganham muito com o envelhecimento. Um grand cru de Bordeaux 2005, uma excelente safra, deve esperar uns quinze anos para ser aberto, pois nesse período ele exprimirá a sua potencialidade e complexidade.
O vinho é uma bebida única, com tantas particularidades, que sempre nos deixa curiosos para provar e conhecer!